Histórico

No Brasil, a desigualdade de gênero na carreira de diplomata tem origens históricas. A entrada da primeira mulher, ao mesmo tempo servidora pública de carreira do Brasil e diplomata, no Ministério das Relações Exteriores (MRE), a baiana Maria José de Castro Rebello Mendes, ocorreu em 1918, apesar da opinião pessoal do chanceler à época, Nilo Peçanha. À ocasião, este indicou à futura diplomata que melhor seria para as mulheres que se dedicassem “à direção do lar”. Após ser aprovada em primeiro lugar no concurso, Maria José passou a ser a única mulher entre 76 servidores da então Secretaria de Estado das Relações Exteriores (SERE).

Em 1938, o acesso de mulheres à carreira de diplomata foi proibido. Essa política discriminatória foi brevemente suspensa entre 1945 e 1946, mas acabou perdurando até 1954. Em 1969, o instituto de agregação passou a proibir que casais de diplomatas pudessem trabalhar juntos no exterior, medida que prejudicou as mulheres desproporcionalmente, as quais eram obrigadas a pausarem suas carreiras. Em 1986, essa medida foi revogada, e, ao mesmo tempo, estabeleceu-se que uma das partes do casal que exercesse função no exterior teria uma redução de 40% no seu salário. Essa limitação salarial perdurou até 1996 e, mais uma vez, afetou majoritariamente a porção feminina da carreira.

Como efeito dessas políticas discriminatórias cumulativas, o Brasil nunca teve uma chanceler mulher, nem havia tido, até recentemente, embaixadoras designadas para os postos mais estratégicos para a política externa brasileira, notadamente Washington e Buenos Aires.

Cronologia das mulheres na diplomacia brasileira