A tecnologia 5G, quinta geração de redes de comunicação móvel, vai além de velocidades maiores de transmissão de dados; o 5G também permite a adoção da chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), viabiliza a existência de veículos autônomos e potencializa a computação em nuvem; por isso ganhou relevância política central, protagonizando o que se assemelha a uma “guerra fria” entre Estados Unidos (EUA) e China.
O impacto econômico do 5G é imenso: estima-se em mais de US$ 13 trilhões o aumento da produção global proveniente da nova tecnologia, com mais de 22 milhões de empregos gerados até 2035.
Há um debate candente em todo o planeta sobre a permissão ou não para que empresas chinesas atuem nos mercados nacionais. Contra a participação chinesa pesa o argumento da segurança nacional, fundado na suspeita, por parte dos EUA e de países europeus, de que equipamentos chineses, em especial os da Huawei, teriam estruturas que permitiriam ações de espionagem e ataques cibernéticos a infraestruturas críticas pelo governo de Pequim. Os defensores da participação chinesa, por outro lado, utilizam o argumento econômico, apregoando que essa proibição traria prejuízos, uma vez que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e há grande dependência de setores como o agronegócio e a mineração em relação à demanda chinesa bem como em relação à oferta industrial chinesa, importante para o crescimento brasileiro.
Diante da importância do tema, o leilão passou a ser acompanhado pelo Palácio do Planalto diretamente. O governo Trump pressionou o governo brasileiro a banir a Huawei da rede 5G brasileira. Em outubro de 2020, o Brasil assinou memorando de entendimento com o Banco de Exportação e Importação (EximBank, na sigla em inglês) dos EUA, obtendo uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para aquisição de equipamentos para implantação da tecnologia 5G no País; a condição é que não sejam equipamentos da Huawei. Trata-se de uma opção de financiamento, não uma obrigação ou doação dos EUA. Em novembro de 2020, Brasil sinalizou apoio ao programa Clean Network, dos EUA, que proibiria o uso de equipamentos chineses para 5G, porém não houve adesão oficial à iniciativa.
Em 25 de fevereiro de 2021, o Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) apresentou edital de licitação do leilão da tecnologia 5G, sem qualquer impedimento à participação da Huawei. O documento foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em setembro do mesmo ano. Além dos investimentos para implantação da rede 5G, o edital prevê a que a nova rede seja independente da rede 4G existente; a construção de uma rede privativa e segura para o governo federal. Em novembro de 2021, o governo brasileiro realizou o leilão da rede 5G, por meio do qual concedeu faixas de frequências para que operadoras de telefonia explorem a nova tecnologia. A Huawei, não sendo uma operadora de telefonia, não participou diretamente do leilão, porém é a principal fornecedora1 de equipamentos das empresas que obtiveram os lotes de frequências.